Patrimônio da esposa de Alexandre de Moraes salta para R$ 79,7 milhões em um ano e reacende debate sobre transparência

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O patrimônio declarado da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, registrou um crescimento expressivo em apenas 12 meses. Segundo informações publicadas neste domingo (21) pela coluna de Lauro Jardim, em O Globo, e repercutidas por veículos como o InfoMoney, os bens de Viviane passaram de R$ 24 milhões em 2023 para R$ 79,7 milhões em 2024 — um salto de aproximadamente 232%.

De acordo com as notas publicadas, o avanço patrimonial é atribuído, em colunas jornalísticas, aos lucros obtidos por seu escritório de advocacia. Ainda assim, o volume e a velocidade do crescimento despertaram questionamentos no meio político, jurídico e na opinião pública, especialmente diante do contexto institucional em que o caso se insere.

O episódio inevitavelmente remete a uma frase célebre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usada no passado para defender os negócios de um de seus filhos: “Que culpa tenho eu se meu filho é o Ronaldinho dos negócios?” O bordão tornou-se símbolo de uma cultura política que, historicamente, normalizou explicações simplistas ou pouco detalhadas para enriquecimentos repentinos. No entanto, em um Estado democrático de Direito, justificativas retóricas não substituem a necessidade de comprovação objetiva.

A situação ganha contornos ainda mais sensíveis diante da recente liquidação do Banco Master, decretada por “grave crise de liquidez” e apontamentos de violações regulatórias. A instituição, segundo reportagens, mantinha relações financeiras relevantes com o escritório de Viviane Barci de Moraes, o que amplia o campo de dúvidas e reforça a necessidade de esclarecimentos públicos.

Não se trata de levantar acusações sem prova, mas de exigir aquilo que se espera de agentes e familiares ligados ao topo do Judiciário: transparência absoluta. Em casos como este, a sociedade não demanda ilações, mas fatos concretos — contratos firmados, notas fiscais, relatórios de serviços prestados, horas técnicas trabalhadas, equipes envolvidas e pareceres efetivamente entregues.

Se toda a evolução patrimonial estiver amparada por serviços reais, valores de mercado e regularidade fiscal, a divulgação desses dados tende a encerrar o debate. Caso contrário, impõe-se a apuração rigorosa pelos órgãos competentes.

A democracia não se sustenta sem exemplos vindos de cima. Quando números desafiam o senso comum, o ônus da prova recai sobre quem se beneficiou do enriquecimento. Não há acusação formal neste momento, mas há uma cobrança legítima: explicações claras e documentadas sobre a origem dos R$ 55,7 milhões incorporados ao patrimônio em apenas um ano.

O silêncio, nesse contexto, não preserva reputações — ao contrário, alimenta suspeitas. E isso não é o que se espera de quem construiu sua trajetória profissional sob o discurso do império da lei.

Por Marcos Soares