Após o vazamento de uma carta assinada pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro – o Kakay –, tornou-se pública a insatisfação de alguns aliados próximos a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esses criticam o que chamam de “captura” do presidente pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e, especialmente, pela influência excessiva da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja.
O episódio expôs não só a irritação de antigos companheiros de Lula, mas também a intenção deles de ampliar a sua influência sobre o presidente, deslocando a responsabilidade da queda de popularidade recorde do petista para figuras de seu entorno, enquanto se minimiza seu próprio papel na crise.
Para parlamentares da oposição e analistas consultados pela Gazeta do Povo, a atuação de Janja – que interfere na rotina e nas agendas governamentais – é apenas uma dentre várias causas que contribuem para a deterioração da imagem de Lula, conforme apontam diversas e recentes pesquisas de opinião.
De forma velada, Kakay fez uma crítica ao suposto monopólio da atenção presidencial exercido por Costa e Janja, sugerindo que tal concentração teria afastado Lula da realidade, impedindo-o de dialogar com diferentes atores políticos e de ouvir conselhos de antigos aliados. Segundo esse ponto de vista, esse distanciamento aumentaria o risco de perda na disputa pela reeleição em 2026.
Lula parece ter ignorado os alertas de aliados sobre os riscos da influência excessiva da primeira-dama, preferindo classificá-los como “ataques da oposição”. “Ela é a bola da vez”, disse ele em defesa de Janja no sábado (22), durante evento de aniversário de 45 anos do PT, no Rio de Janeiro.
“Para me atingir, eles começam a atacar a Janja. É uma guerra”, ressaltou o presidente. Lula avisou que ela continuará atuando da mesma forma, apesar de a criticarem por “se intrometer no governo”. “Janja, continue de cabeça erguida, fazendo o que você gosta. Não ligue para a oposição”, afirmou o petista.