Presidente do STF afirma que seria melhor concluir o julgamento de Bolsonaro ainda em 2025, antes do período eleitoral
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou ser “desejável” que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso dos atos “golpistas” seja concluído ainda em 2025. Em entrevista, o ministro destacou que, embora a Justiça e o processo eleitoral sejam esferas distintas, é melhor que decisões judiciais de grande impacto ocorram fora do período eleitoral.
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Presidente do STF afirma que seria melhor concluir o julgamento de Bolsonaro ainda em 2025, antes do período eleitoral“Seria desejável, desde que compatível com o processo legal. Ainda é preciso ouvir as testemunhas, produzir provas e saber se é possível julgar este ano. Embora a aplicação do Direito e o processo eleitoral sejam coisas distintas, se pudermos evitar que ocorram simultaneamente, é desejável”, disse o ministro em entrevista ao jornal O Globo.Barroso ressaltou, no entanto, que o julgamento dependerá do andamento dos processos, da produção de provas e da oitiva de testemunhas.O presidente do STF também se posicionou contra a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Segundo ele, o perdão seria inadequado diante da gravidade dos crimes cometidos. “Não acho que seja o caso de anistia, porque anistia significa perdão. E o que aconteceu é imperdoável”, pontuou.Para Barroso, caso o Congresso queira reduzir penas, o caminho seria mudar a legislação, não conceder anistia. “Redimensionar a extensão das penas, se o Congresso entender por bem, está dentro da sua competência”, disse.Barroso também ressaltou que o Supremo apenas aplicou a legislação vigente. “O STF aplicou a lei aprovada pelo próprio Congresso”, frisou. Para ele, eventuais mudanças nas penas teriam efeito imediato, se aprovadas.“Por exemplo: se a lei disser que não se acumulam (os crimes de) golpe de Estado com a abolição violenta do Estado de Direito, ou, em vez de tratar como crimes distintos, prever apenas um aumento de pena, isso importaria em uma redução. E teria incidência imediata. Estou dizendo uma possibilidade. Não cabe a mim essa decisão, e sim ao Congresso”.Sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes, responsável por boa parte das ações relativas ao 8 de Janeiro, Barroso saiu em defesa do magistrado.“Você não imagina o que é ser permanentemente ameaçado de morte, assim como a sua mulher e os seus filhos. Não trato com desimportância o que ele sofreu. Acho que ele tem o protagonismo que mereceu, por ter desempenhado bem o papel, e paga os preços por isso. (…) Minha análise geral de como ele conduziu as coisas é extremamente positiva e acho que ele serviu bem ao país. Se eu tivesse ou se tive alguma discordância, eu manifestaria diretamente a ele”, disse.O ministro também voltou a rebater a crítica feita pela revista The Economist, que apontou excesso de poder do STF. “O Supremo desempenha o papel que a Constituição atribuiu a ele. Nem mais, nem menos”, afirmou.Barroso argumentou que, muitas vezes, o Judiciário é provocado porque o Congresso não legisla sobre temas polêmicos, e negou que isso configure abuso de poder. “Eu não posso me abster de decidir o que eu tenho que decidir porque o Congresso não legislou. O fato de não ter lei não faz com que o problema não exista”, ponderou.Apesar de projetos em tramitação no Legislativo que visam limitar a atuação do Supremo, Barroso minimizou a tensão entre os Poderes. “Não vejo como quebra de harmonia. São discussões num espaço institucional adequado. Nossas relações com o Congresso são as melhores possíveis. Mas isso não significa necessariamente concordância em tudo”.
“Seria desejável, desde que compatível com o processo legal. Ainda é preciso ouvir as testemunhas, produzir provas e saber se é possível julgar este ano. Embora a aplicação do Direito e o processo eleitoral sejam coisas distintas, se pudermos evitar que ocorram simultaneamente, é desejável”, disse o ministro em entrevista ao jornal O Globo.
Barroso ressaltou, no entanto, que o julgamento dependerá do andamento dos processos, da produção de provas e da oitiva de testemunhas.
O presidente do STF também se posicionou contra a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Segundo ele, o perdão seria inadequado diante da gravidade dos crimes cometidos. “Não acho que seja o caso de anistia, porque anistia significa perdão. E o que aconteceu é imperdoável”, pontuou.
Para Barroso, caso o Congresso queira reduzir penas, o caminho seria mudar a legislação, não conceder anistia. “Redimensionar a extensão das penas, se o Congresso entender por bem, está dentro da sua competência”, disse.
Barroso também ressaltou que o Supremo apenas aplicou a legislação vigente. “O STF aplicou a lei aprovada pelo próprio Congresso”, frisou. Para ele, eventuais mudanças nas penas teriam efeito imediato, se aprovadas.
“Por exemplo: se a lei disser que não se acumulam (os crimes de) golpe de Estado com a abolição violenta do Estado de Direito, ou, em vez de tratar como crimes distintos, prever apenas um aumento de pena, isso importaria em uma redução. E teria incidência imediata. Estou dizendo uma possibilidade. Não cabe a mim essa decisão, e sim ao Congresso”.
Sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes, responsável por boa parte das ações relativas ao 8 de Janeiro, Barroso saiu em defesa do magistrado.
“Você não imagina o que é ser permanentemente ameaçado de morte, assim como a sua mulher e os seus filhos. Não trato com desimportância o que ele sofreu. Acho que ele tem o protagonismo que mereceu, por ter desempenhado bem o papel, e paga os preços por isso. (…) Minha análise geral de como ele conduziu as coisas é extremamente positiva e acho que ele serviu bem ao país. Se eu tivesse ou se tive alguma discordância, eu manifestaria diretamente a ele”, disse.