A crise na saúde pública de Cabo Frio voltou a ganhar destaque após uma série de denúncias de famílias de pacientes do Hospital da Mulher. Segundo relatos, mães que tiveram seus bebês na unidade — muitos deles internados na UTI neonatal — estariam sendo obrigadas a se deslocar até o Centro de Saúde Oswaldo Cruz para conseguir a medicação necessária no período pós-parto.
A orientação, que segundo familiares tem se repetido há semanas, vem causando indignação e sofrimento às pacientes. De acordo com os relatos, o hospital não estaria fornecendo no próprio local medicamentos básicos indicados para as mães durante a permanência dos filhos na unidade.
“Meu bebê está na UTI neonatal e, mesmo assim, tive que sair do hospital para buscar a medicação. É um transtorno enorme, além do medo de me afastar dele”, relata uma mãe, que pediu para não ser identificada. O deslocamento, muitas vezes feito a pé ou em transporte público, tem sido descrito pelas famílias como um abuso e um risco desnecessário — especialmente considerando que essas mulheres acabaram de passar por procedimentos delicados, como parto normal ou cesárea.
Os parentes denunciam que o pedido para que as mães busquem os medicamentos em outra unidade se tornou rotina. “É desumano. As mães estão fragilizadas, com os bebês internados, e o hospital simplesmente manda que elas se virem para conseguir um remédio que deveria ser entregue ali mesmo”, reforça um familiar.
O desgaste físico e emocional tem se acumulado, afetando tanto as mães quanto as famílias que tentam garantir o mínimo de apoio durante o momento mais delicado: a recuperação pós-parto somada à preocupação constante com recém-nascidos em estado de vulnerabilidade.
Até o momento, não há esclarecimentos oficiais sobre os motivos do desabastecimento ou da falha no fluxo de distribuição — e as pacientes seguem dependendo da boa vontade de servidores para entender como e onde conseguir a medicação.
Enquanto a situação não é solucionada, famílias cobram urgência e respeito. Defendem que o fornecimento de remédios seja garantido no próprio Hospital da Mulher, evitando que mães deixem seus bebês em meio a um momento crítico para cumprir uma tarefa que deveria ser obrigação da saúde pública.
A crise escancara, mais uma vez, a precarização da assistência em Cabo Frio, onde pacientes e recém-nascidos acabam pagando a conta de uma gestão que, segundo familiares, falha até no básico.


