Um contrato de consultoria jurídica atribuído ao escritório Barci de Moraes Advogados, administrado por Viviane Barci de Moraes — esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes — passou a ocupar o centro de um debate público após ser encontrado em arquivos digitais do celular de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master e alvo da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal.
O documento, segundo registros localizados pelos investigadores, prevê um valor total de R$ 129 milhões, com pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões ao longo de 36 meses, iniciando em janeiro de 2024. O contrato teria um escopo genérico, sem ligação clara com causas específicas, segundo descrição encontrada nos arquivos apreendidos.
Operação e contexto do Banco Master
A Operação Compliance Zero investiga fraudes bilionárias supostamente cometidas pelo banco, apontado por emitir títulos de crédito falsos e gerar prejuízo estimado em R$ 12 bilhões ao sistema financeiro. Vorcaro foi preso, e seus dispositivos eletrônicos se tornaram parte central da apuração.
Embora o contrato atribuído ao escritório de Viviane Barci de Moraes não tenha sido integralmente executado — já que o Banco Master entrou em processo de liquidação em 2025 — os valores envolvidos e a ausência de esclarecimentos públicos sobre quais serviços foram de fato prestados abriram espaço para questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse.
Relação com processos no STF
O debate ganhou temperatura adicional porque o Banco Master possui ações em tramitação no Supremo Tribunal Federal. Críticos afirmam que essa circunstância exigiria atenção redobrada quanto à transparência e à prevenção de potenciais conflitos envolvendo familiares de ministros da Corte.
Até o momento, o STF não comentou oficialmente as informações, e o escritório Barci de Moraes Advogados também não prestou esclarecimentos sobre o contrato mencionado.
Reações políticas e pedido de investigação
Diante da divulgação dos dados apreendidos, um deputado federal da oposição protocolou um pedido na Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando que sejam apuradas possíveis irregularidades relacionadas ao vínculo contratual e eventuais impactos em decisões regulatórias ou judiciais envolvendo o banco.
Debate público e repercussão
A revelação reacendeu discussões sobre ética pública, transparência e limites de atuação de familiares de autoridades do Judiciário. Juristas ouvidos por especialistas apontam que, mesmo sem evidências conclusivas de ilegalidade, contratos de alto valor envolvendo parentes de magistrados em exercício costumam exigir comunicação clara e detalhada sobre sua natureza, justamente para evitar suspeitas de favorecimento.
Enquanto não há conclusão oficial das investigações, o caso segue alimentando debates sobre a necessidade de maior controle institucional, prestação de contas e mecanismos de prevenção de conflitos de interesse dentro das altas esferas do poder brasileiro.








