Preso por atacar 17 ônibus em SP é funcionário público há mais de 30 anos, diz polícia

A Gazeta Popular
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A Polícia Civil de São Paulo informou nesta terça-feira (22) que o homem de 68 anos preso por atacar ao menos 17 ônibus na capital paulista e em cidades da região metropolitana é funcionário público há mais de 30 anos. Ele relatou aos investigadores que a depredação era um ato “protesto” para “consertar o Brasil”, mas negou ser filiado a partido, organização política ou sindicatos.

No entanto, o secretário-executivo de Segurança Pública do Estado, delegado Osvaldo Nico, destacou que a versão do investigado pode não ser a realidade. A Polícia Civil afirmou que elementos obtidos durante a investigação indicaram que as ações estariam planejadas há alguns meses.

“Ele confessou os 17 atos de vandalismo, porque foram apresentadas provas concretas de que ele estava no local e de que ele praticou esses atos”, disse o delegado Júlio César de Almeida Teixeira, responsável pela investigação, durante uma coletiva de imprensa nesta terça.

Morador de Taboão da Serra, o servidor trabalhava como motorista do chefe de gabinete da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de São Paulo. O chefe de gabinete foi ouvido, porém, a polícia descartou a participação de outros funcionários da CDHU nas ações criminosas.

Desde o início de junho, São Paulo, Osasco e São Bernardo do Campo registraram ataques a pelo menos 813 ônibus, somente na capital foram 530 casos. Até o momento, as forças de segurança já prenderam 22 pessoas pelos atentados.

Segundo Teixeira, o atentado na avenida Jorge João Saad, na capital paulista, que deixou uma criança de 10 anos ferida por estilhaços, no último dia 15, foi realizado pelo servidor. Os policiais encontraram na casa do homem esferas de metal e um estilingue que teriam sido usados no vandalismo contra os coletivos. Além disso, ele teria sido flagrado em imagens utilizando um coquetel molotov em uma das ações.

Ao confessar os ataques, ele apontou o irmão como cúmplice. A prisão preventiva dos dois foi solicitada à Justiça. O funcionário público dirigia em sentido contrário ao fluxo do ônibus e, segundo os delegados, uma segunda pessoa atirava as esferas de metal pelo vidro traseiro quebrado do carro.

“Acreditamos que essa prisão possa alavancar as investigações que estão em curso, pois já temos um desenho do que pode ter acontecido no âmbito desses ataques. Acreditamos que não existe só uma motivação. Existe o efeito manada, o contágio, o propósito inicial, assim como existe alguém pegando onda, uma sucessão de propósitos”, disse o delegado Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Em nota, a SSP afirmou que o homem foi descoberto após a identificação de um carro usado por ele nas proximidades dos locais onde aconteceram os atentados. O irmão dele, que mora na região de Osasco, é investigado por dar suporte nas depredações.

“As motivações para o crime e o recrutamento de outros envolvidos nos danos ainda serão esclarecidos pela polícia que continua com as investigações.
Os dois devem responder pelos crimes de dano qualificado e atentado contra a segurança do transporte público”, diz o comunicado da SSP.