Será que um dia voltaremos a ter uma democracia plena, como assegura nossa Constituição?- Por William Dornelas

A Gazeta Popular
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Vivemos, hoje, um momento de exceção. Meu sentimento é de tristeza e de inquietação diante do cenário político brasileiro. É como se o país fosse um grande barco à deriva, navegando sem rumo definido, sem comandante, sem capitão que inspire confiança ou que saiba conduzir essa imensa embarcação chamada Brasil. Dentro desse oceano turbulento, existe um iceberg visível, imenso, perigoso: chama-se Alexandre de Moraes.

É nesse ponto que me pergunto: até quando suportaremos essa travessia de incertezas? Será que um dia veremos mares calmos? Será que um dia voltaremos a ter uma democracia plena, como assegura nossa Constituição? Será que um dia, enfim, poderemos usufruir de nossas liberdades individuais, sem medo, sem censura, sem perseguição? A Constituição de 1988 garante o direito de opinião, mas, na prática, vivemos o contrário: o silêncio imposto, a autocensura forçada e a intimidação constante.

Não se trata de um debate acadêmico ou de um detalhe jurídico. Trata-se da essência da democracia: o direito de falar, de divergir, de questionar. Um país onde o cidadão não pode se expressar livremente é um país aprisionado, um país que não cumpre a promessa de liberdade pela qual tantos lutaram.

Outro ponto grave está em nossas universidades. Transformadas em redutos da militância, elas deixaram de ser templos de pensamento plural para se tornarem ambientes de doutrinação. A juventude, que deveria ser estimulada à reflexão crítica, é empurrada para um único caminho: o da cartilha da esquerda, muitas vezes radical, que sufoca a diversidade de idéias. Será que um dia nossas universidades estarão livres dessa prisão ideológica? Será que um dia voltarão a ser espaços verdadeiramente democráticos?

É arcaico imaginar que as idéias de trinta ou quarenta anos atrás sirvam, sem revisão, para os dias de hoje. O mundo mudou. A tecnologia mudou. A sociedade mudou. E, no entanto, permanecemos aprisionados a um modelo político que insiste em olhar pelo retrovisor. A esquerda insiste em reavivar velhos fantasmas, em impor velhos conceitos, em se alimentar de lutas ultrapassadas. Enquanto isso, a realidade do país exige novas soluções, coragem para inovar, ousadia para romper com um sistema que já não funciona.

Por isso, insisto nas perguntas que não saem da minha mente: será que um dia teremos nossa democracia de volta? Será que um dia poderemos falar sem medo? Será que um dia nossas liberdades serão garantidas, não apenas no papel, mas na vida real?

O Brasil é maior do que essa crise. O Brasil é maior do que qualquer poder que se sobrepõe aos demais. O Brasil não pode ser refém de decisões unilaterais, não pode ser governado pela imposição, não pode aceitar que sua soberania seja atacada por dentro. É hora de refletirmos, de buscarmos novos rumos, de nos unirmos em torno do que realmente importa: a liberdade, a democracia e o futuro das próximas gerações.

Hoje, estamos em mar revolto. Mas eu ainda acredito que, se houver coragem, se houver fé, se houver união, poderemos atravessar essa tempestade. E talvez, um dia, possamos enxergar no horizonte os mares calmos pelos quais tanto ansiamos.

Por Willima Dornelas – Jornalista e Colunista