SUS: O Sistema de Todos, e o mal causado pela politização da saúde pública

A Gazeta Popular
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Nos últimos anos, o Sistema Único de Saúde (SUS), uma das maiores conquistas da sociedade brasileira, tem sido vítima de um processo perigoso: a politização. Criado para garantir acesso universal à saúde, o SUS nasceu acima de ideologias e bandeiras partidárias. No entanto, grupos políticos — especialmente ligados à esquerda — tentaram transformar essa estrutura pública em símbolo de um único espectro político, apropriando-se de um patrimônio que, por essência, pertence a todos os brasileiros.

A narrativa de que “defender o SUS é ser progressista” ganhou força durante e após a pandemia. A partir desse discurso, opositores políticos foram rotulados de “negacionistas”, mesmo quando muitos deles defendiam melhorias, eficiência e transparência na gestão do sistema. A crítica à má administração e à falta de estrutura passou a ser tratada como ataque ao SUS — uma distorção conveniente para quem buscava capital político em meio à crise sanitária.

Uma das frentes militantes que contribuíram para a partidarização do SUS é o Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro (IMS), localizado no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Durante a pandemia, o instituto ganhou destaque ao se posicionar de forma abertamente crítica ao então presidente Jair Bolsonaro, atribuindo-lhe responsabilidades e culpas por situações complexas que iam além da alçada direta do governo federal. Essa postura reforçou a percepção de que parte do meio acadêmico, em vez de atuar de maneira técnica e equilibrada, optou por alinhar-se a uma agenda político-ideológica de extrema esquerda, transformando o debate sobre saúde pública em um instrumento de militância.

O resultado dessa apropriação ideológica é grave. A politização do SUS enfraquece o debate técnico e afasta a população da discussão racional sobre os verdadeiros problemas da saúde pública: má gestão, desperdício de recursos, corrupção e falta de investimento em inovação. Quando o sistema é usado como palanque, o foco deixa de ser o paciente e passa a ser o discurso.

O SUS não é de esquerda, nem de direita. O SUS é do povo brasileiro. É fruto de um pacto social que transcende partidos e governos. Cada médico, enfermeiro, farmacêutico e servidor que atua no sistema não trabalha por um grupo político, mas pela vida e pela dignidade de milhões de pessoas.

Transformar o SUS em bandeira partidária é uma ofensa a quem depende dele. É preciso resgatar a neutralidade e a seriedade que o tema exige. O verdadeiro defensor do SUS não é aquele que o usa para ganhar votos ou “lacrar” em discursos, mas aquele que deseja ver o sistema funcionando com eficiência, respeito e compromisso com todos — sem ideologias, sem rótulos e sem divisões.

 

O SUS pertence ao Brasil, e o Brasil pertence a todos os brasileiros.

Por William Dornelas – Jornalista – Colunista