Por Dra. Índira Contrera
Ser mãe solo não é uma escolha para a maioria das mulheres. É uma consequência de relações que se desconstroem, de responsabilidades que não são compartilhadas e, muitas vezes, de uma ausência paterna que o Direito precisa reconhecer e corrigir.
No dia a dia, são elas que acumulam funções: trabalho, casa, criação, educação e afeto. E, ainda assim, muitas vezes precisam enfrentar a morosidade da Justiça para garantir o mínimo: pensão alimentícia, registro do filho, convivência equilibrada e respeito às decisões maternas.
O Direito de Família não existe para perpetuar desigualdades. Ele existe para equilibrar o que a vida desorganizou.
Garantir pensão não é favor, é dever. Pedir o reconhecimento da paternidade não é vingança, é direito da criança. E buscar a guarda exclusiva, quando há risco ou desinteresse do outro genitor, é proteção e não egoísmo.
Por trás de cada processo, há uma história real de sobrecarga, amor e resistência. E é por isso que precisamos falar de mães solo não como mulheres que “deram conta”, mas como cidadãs que merecem apoio, respeito e Justiça.
Porque, no fim, nenhuma mãe solo quer ser heroína, ela quer poder respirar. Quer que o Direito funcione, que a sociedade reconheça e que o pai cumpra o papel que lhe cabe.
Como advogada e mãe solo, vejo todos os dias a força dessas mulheres e aprendi que o amor move, mas a Justiça liberta.