O ditador venezuelano Nicolás Maduro adotou nesta sexta-feira (5) um discurso aparentemente conciliador em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos, afirmando que “respeita” o presidente Donald Trump e que “nenhuma das diferenças” entre os dois países deve levar a um “conflito militar de alto impacto”.
Apesar da retórica de diálogo, Maduro discursou durante a ativação da Milícia Nacional Bolivariana (MNB), braço paramilitar das Forças Armadas, que tem sido amplamente utilizado para reforçar o controle interno do regime. O ato, que contou com campanha de alistamento, contradiz o tom de pacificação: enquanto fala em soberania e paz, o chavista fortalece uma estrutura armada paralela.
As declarações vieram horas depois de Trump autorizar militares americanos a abater aeronaves hostis na região, dentro da operação naval no sul do Mar do Caribe. A ofensiva, que mobiliza oito navios de guerra e um submarino nuclear, é oficialmente destinada a conter o tráfico de drogas, mas Caracas insiste em classificá-la como um “pretexto para intervenção”.
Maduro tenta projetar-se como defensor da paz e da soberania latino-americana, mas, internamente, mantém o país sob forte repressão, prisões arbitrárias e censura, ao mesmo tempo em que arma civis leais ao regime.
Ao declarar que os EUA devem abandonar um suposto “plano de mudança de regime violenta”, Maduro busca se colocar como vítima diante da comunidade internacional. Porém, críticos lembram que sua gestão mergulhou a Venezuela em crise humanitária sem precedentes, marcada por hiperinflação, colapso dos serviços básicos e êxodo de milhões de cidadãos.
No fim, a fala de respeito a Trump soa mais como um movimento tático do que como uma verdadeira guinada ao diálogo. O chavismo continua sustentado pela militarização interna e pelo controle autoritário, enquanto acusa o inimigo externo de ameaçar a paz.
Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político instagram.com/@marcossoaresrj | instagram.com/@falageralnoticias
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