Indicação do senador mineiro ao Supremo Tribunal Federal ganha força com possível aposentadoria de Luís Roberto Barroso
Barroso sinaliza nos bastidores que não deve esperar a idade da aposentadoria compulsória há pelo menos dois anos, entendendo que já “cumpriu sua missão” no STF. Nessa quarta-feira (13/8), os ministros elegeram Edson Fachin para ser o novo presidente do Supremo e Alexandre de Moraes para vice-presidente. A posse dos magistrados deve ocorrer no dia 29 de setembro.
Uma possível indicação de Pacheco vai impactar a disputa pelo governo de Minas Gerais em 2026. O senador é o preferido do Lula (PT) para o Palácio Tiradentes. Em reiteradas oportunidades, o petista declarou apoio ao parlamentar durante agendas pelo estado, o colocando como contraponto ao governador Romeu Zema (Novo) e seu candidato, o vice-governador Mateus Simões (Novo).
Apesar de ser cotado, o senador ainda não deixou claro sua intenção em relação ao comando do estado e não lançou uma pré-candidatura. Porém, ele tem reforçado a presença pelo interior em eventos de entregas do seu mandato, e por onde passa tem escutado o coro de prefeitos e lideranças locais para que esteja na urna em 2026.
Rodrigo Pacheco também está articulando uma série de demandas para o estado desde que deixou a presidência do Senado, onde já havia criado o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas (Propag) para renegociar o débito de R$ 170 bilhões de Minas Gerais com a União. Mais recentemente, ele esteve com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para viabilizar a retomada de obras do aeroporto de Itajubá e a construção de um para Itabira.
“Levei a questão dos aeroportos ao ministro, que se prontificou a tomar as medidas necessárias. São obras essenciais para melhorar a logística e o transporte de dois importantes municípios de Minas Gerais, referências em suas atividades econômicas”, disse o senador na terça-feira (14/8).
O desejo de Pacheco com uma vaga no Supremo não é novidade. Advogado e especialista em direito penal, Pacheco é reconhecido por seu notório saber jurídico. Ele foi o mais jovem conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entre 2013 e 2015.
Como deputado federal por Minas ele também foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em 2024, o senador chegou a dizer que a tendência era encerrar sua vida pública em 2027, e afirmou que uma indicação ao STF era um “convite que dificilmente recusa”.
Essa vontade também é reconhecida por seus aliados e lideranças partidárias. Em entrevista ao O Globo, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, chegou a ressaltar que o sonho do senador é ser ministro do STF.
“Rodrigo é uma pessoa muito bem preparada, mas o sonho legítimo dele é ir para o Supremo Tribunal Federal, e o ministro Luís Roberto Barroso voltou a falar em deixar a Corte”, disse na semana passada.
Em conversa com o EM, o presidente do PSD em Minas Gerais, deputado estadual Cassio Soares, ressaltou que a possibilidade de uma vaga no STF para o senador é algo esperado dentro do partido. “Já era manifestado o desejo dele em tentar esse espaço, ciente de que não é uma candidatura, mas uma escolha do presidente da República. O Pacheco tem toda a capacidade, condições e estatura para ser escolhido pelo presidente para esse espaço”, disse.
Questionado sobre qual seria a inclinação do senador, disputar o governo do estado ou ser ministro do STF, Cassio Soares acredita que o desejo de Pacheco é a carreira no Supremo. “Mas não posso falar por ele”, disse o deputado, destacando que a aposentadoria de Barroso ainda está no campo da especulação.
Com Pacheco inclinado ao Supremo, o próprio Kassab já sinalizou que pode apoiar o vice-governador Mateus Simões. Mas para Cassio Soares, existe uma “ansiedade muito grande” para saber quem será o candidato faltando pouco mais de um ano para a campanha eleitoral.
“A disputa está muito distante. Hoje, somos base do governo do estado, temos essa (boa) relação com Simões. Mas qualquer ilação agora é muito antecipada e não favorece para que a gente possa trabalhar as soluções que temos que enfrentar, especialmente no momento atual tendo em vista a questão do Propag”, completou.




