Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro

A Gazeta Popular
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Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares durante domingo de manifestações de apoiadores

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão publicada no início da noite desta segunda-feira (4/8) foi justificada pelo descumprimento da medida cautelar que o proibia de veicular conteúdos nas redes sociais.
Moraes afirma que Bolsonaro utilizou os perfis de seus filhos nas redes sociais com conteúdo de ataques ao STF e apoio à interferência estrangeira no Judiciário brasileiro.
“Agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que, o telefonema com o seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram”, diz trecho da decisão de Moraes.

No último domingo, políticos bolsonaristas realizaram manifestações contra o STF e criticaram as medidas cautelares contra o ex-presidente, que usa uma tornozeleira eletrônica há cerca de um mês.

Com a medida, Jair Bolsonaro passa a não poder mais sair de casa. Antes, apesar da tornozeleira e a restrição de circulação durante a noite, o ex-presidente podia participar de reuniões e eventos políticos durante o dia.

Mais restrições

A determinação da prisão domiciliar de Bolsonaro é acompanhada por outras decisões de restrição ao ex-presidente. Ele não poderá receber visitas sem uma autorização prévia da Justiça, com exceção dos advogados que o representam no processo.

Além disso, durante as visitas autorizadas é proibido utilizar celulares, tirar fotos ou gravar vídeos. A decisão do STF também prevê a busca e apreensão de quaisquer aparelhos celulares em posse do ex-presidente.

O descumprimento das medidas elencadas por Moraes implicará na decretação de prisão preventiva, segundo determinado na decisão expedida nesta segunda-feira (4/8).

Descumprimento das medidas iniciais

Várias cidades brasileiras tiveram atos de apoio a Jair Bolsonaro no último domingo. As manifestações capitaneadas por lideranças políticas bolsonaristas foram marcadas por ataques ao STF e apoio às medidas anunciadas pelo presidente americano Donald Trump como a sobretaxa de 50% às exportações brasileiras, a supressão de vistos aos ministros da Suprema Corte e aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes.

Embora Bolsonaro não tenha participado das manifestações, ele gravou vídeos e áudios saudando os participantes dos protestos e os materiais foram divulgados durante os atos. Moraes cita também o fato de que, na Avenida Paulista, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), fez uma videochamada com o ex-presidente, que se dirigiu diretamente aos seus apoiadores em São Paulo.

“A participação dissimulada de Jair Messias Bolsonaro, preparando material pré fabricado para divulgação nas manifestações e redes sociais, demonstrou claramente que manteve a conduta ilícita de tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça, em flagrante desrespeito as medidas cautelares anteriormente impostas. Os apoiadores políticos de Jair Messias Bolsonaro e seus filhos, deliberadamente, utilizaram as falas e a participação – ainda que por telefone e pelas redes sociais -, do réu para a propagação de ataques e impulsionamento dos manifestantes com a nítida intenção de pressionar e coagir esta Corte Suprema”, diz trecho da decisão em que Moraes se refere à participação indireta do ex-presidente nos atos.