A Operação Carbono Oculto, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), revelou um novo capítulo no setor de combustíveis. De acordo com as investigações, a Rodopetro, empresa ligada ao grupo Refit (antiga Manguinhos), de Ricardo Magro, assumiu a posição antes ocupada pelo grupo Copape/Aster, de Mohamad Mourad, na distribuição de combustíveis a partir de julho de 2024.
Naquele mês, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) cassou as licenças da Copape (formuladora) e da Aster (distribuidora). O Gaeco afirma que, logo após a decisão, a Rodopetro praticamente dobrou suas aquisições, absorvendo as operações do grupo de Mourad e se tornando o “epicentro da nova dinâmica de distribuição de combustíveis”.
Segundo os promotores, a manobra configurou uma “nova camada de ocultação” para contornar as proibições impostas à Copape e à Aster. A operação também apura indícios de fraudes bilionárias, lavagem de dinheiro e conexões com núcleos do Primeiro Comando da Capital (PCC), além de instituições financeiras e fundos de investimento da Faria Lima.
Rivalidade e interesses ocultos
O suposto reposicionamento da Refit no mercado chama a atenção porque, nos bastidores, Magro e Mourad mantinham uma disputa no setor de combustíveis. Um dos promotores envolvidos na investigação resumiu a mudança com uma frase emblemática:
“Não existem inimigos, só interesses.”
Apesar das suspeitas, a Refit não foi alvo da operação.
Defesa da Refit
Em nota enviada à imprensa, a companhia declarou que “não tem qualquer vínculo com os investigados” e negou ter ocupado o espaço deixado pela Copape e pela Aster.
“As acusações de que a companhia teria ocupado o espaço da Copape não se sustentam”, afirmou a Refit.
Contexto da operação
Deflagrada na última quinta-feira (28/8), a Operação Carbono Oculto mobilizou equipes do Gaeco em uma série de buscas e apreensões contra empresas e pessoas ligadas ao grupo de Mourad. O foco central é desarticular uma rede de sonegação fiscal, fraudes e lavagem de dinheiro estimada em bilhões de reais, com ramificações no crime organizado e no mercado financeiro.
A investigação segue em sigilo, mas já expôs como grupos empresariais, criminosos e operadores financeiros podem se articular para manter esquemas no setor de combustíveis, mesmo após sanções regulatórias.