O Brasil assiste, nesta semana, a um dos capítulos mais sombrios de sua história recente. O Supremo Tribunal Federal, que deveria ser o guardião da Constituição, se transformou em protagonista de um julgamento político. Em vez de aplicar a lei de forma imparcial, a Corte se dedica a sustentar uma narrativa: a de que o país teria vivido uma tentativa de golpe. Uma farsa construída para perseguir opositores e consolidar o poder de um grupo.
O STF não age mais como tribunal constitucional. Age como ator político. Seus ministros, ao invés de intérpretes da lei, se tornaram militantes togados, dispostos a moldar a realidade conforme seus interesses e convicções pessoais. Esse não é o papel de um juiz, muito menos de ministros que juraram fidelidade à Carta Magna.
Alexandre de Moraes, figura central desse processo, concentra em suas mãos poderes que extrapolam qualquer parâmetro democrático. Investiga, acusa, julga e condena, numa clara violação ao princípio do devido processo legal. A Constituição prevê separação de funções; Moraes prefere acumular todas. Age como inquisidor, não como magistrado.
Mas ele não está sozinho. Luís Roberto Barroso, que já declarou publicamente que “derrotou o bolsonarismo”, hoje preside o tribunal. Um juiz que admite combater um campo político revela, sem constrangimento, sua parcialidade. Como esperar justiça de quem assume, com todas as letras, sua militância?
Gilmar Mendes, outro veterano da Corte, atua como articulador político nos bastidores, sempre pronto a defender interesses de ocasião. Sua figura já não inspira confiança, mas sim a percepção de que o Supremo se tornou balcão de conveniências.
O julgamento em curso não é jurídico, é ideológico. O objetivo não é punir crimes comprovados, mas sim consolidar a versão de que houve um “golpe” para justificar perseguições e silenciar opositores. É a velha tática de manipular narrativas para transformar adversários em inimigos do Estado.
O que está em jogo não é apenas o destino de réus específicos, mas o futuro da democracia brasileira. Quando o Judiciário ultrapassa seus limites, usurpa funções do Legislativo e subjuga a sociedade ao seu poder arbitrário, a democracia morre em silêncio.
Estamos diante de um golpe travestido de legalidade. Um golpe sem tanques, mas com canetas. Um golpe sem armas, mas com sentenças. Um golpe que não precisa de força bruta, porque se sustenta na manipulação de discursos e no medo imposto à população.
A sociedade precisa despertar. O STF não pode se colocar acima da Constituição, nem seus ministros podem se comportar como donos do país. A democracia brasileira não sobrevive se um tribunal se transformar em partido político e seus juízes em cabos eleitorais.
O julgamento da farsa é, na verdade, o julgamento da liberdade. E o veredito, se nada mudar, será a condenação da democracia.
Por William Dornellas – Jornalista e Colunista