O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que cinco passageiros e o piloto do balão que pegou fogo e caiu em Praia Grande (SC) já foram ouvidos pelos investigadores. Informações preliminares e o relato do piloto indicam que o acidente começou com um incêndio no cesto do balão. Oito pessoas morreram e 13 ficaram feridas.
“Não há normativos que proíbam expressamente um maçarico ou chama auxiliar dentro do cesto do balão, mas há princípios de boas práticas regulatórias sobre restringir esse tipo de equipamento dentro do cesto”, disse Gabriel durante uma coletiva de imprensa realizada nesta tarde com autoridades locais.
O piloto relatou que o extintor de incêndio não funcionou e ele não conseguiu apagar as chamas. Ele se apresentou espontaneamente para prestar esclarecimentos à polícia. O balão tinha capacidade de carregar 2.075 quilos ou 27 passageiros.
Segundo o delegado, logo no início do incêndio o balão teria começado a descer, o piloto caiu ou conseguiu pular, e indicou aos passageiros que também saíssem. Oito pessoas não conseguiram pular. O balão ficou mais leve, a chama continuou a propagar ar quente para dentro, tirando o oxigênio, e ele acabou subindo novamente.
O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Zevir Cipriano Junior, afirmou que quatro das oito vítimas fatais pularam do balão já em chamas, e de uma altura mais elevada. As outras quatro morreram carbonizadas.
“A dinâmica do acidente foi a seguinte: ao identificar o fogo no cesto, o piloto tentou manobrar para descer e pousar o balão. Durante essa manobra, algumas pessoas – 13, incluindo ele – acabaram pulando do balão e outras oito não conseguiram sair”, explicou Cipriano.
“Com a saída das 13 pessoas, o balão acabou ficando mais leve, e, já com o fogo em sua base, o balão foi subindo novamente [e o fogo seguiu aumentando]. Quatro pessoas pularam do balão neste momento [de uma altura mais elevada]”, disse o tenente-coronel. Pouco tempo depois, o balão foi tomado pelas chamas e caiu.
O delegado-geral da Polícia Civil afirmou que os investigadores já colheram provas e documentos da Sobrevoar Serviços Turísticos, responsável pelo voo. Contudo, ele ressaltou que ainda é preciso ouvir testemunhas, aguardar os laudos periciais e cumprir outras diligências.
“Não podemos fazer nada de forma açodada, sob pena de fazermos pré-julgamentos da situação, sem conhecer profundamente todas as causas ensejo. A gente evita fazer qualquer especulação a respeito, tem vítimas que se machucaram, pessoas que perderam seus entes queridos, há o proprietário da empresa, além do piloto”, enfatizou.
Ele destacou que, se ficar comprovado eventual negligência por parte do piloto ou da empresa, eles poderão, em tese, ser indiciados pela prática de crimes, como homicídios dolosos ou culposos.
O delegado afirmou que a empresa precisa de duas autorizações para funcionar: a licença comercial dada pelo município e a autorização federal dada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), por ser uma empresa de transporte aéreo.
Mais cedo, a empresa reforçou que tinha autorização da Anac para atuar e que seguiu todos os procedimentos indicados para situações de emergência. A Sobrevoar informou ainda que interrompeu suas operações por tempo indeterminado. (Veja a íntegra da nota divulgada pela Sobrevoar sobre o acidente abaixo).
O delegado de Santa Rosa do Sul (SC), Rafael Chiara, é o responsável pela investigação. O prazo para conclusão do caso pela polícia é de 30 dias.
Feridos
O secretário da Saúde de Santa Catarina, Diogo Demarchi Silva, afirmou que duas vítimas tiveram queimaduras de segundo grau e foram atendidas no Hospital Nossa Senhora de Fátima, de Praia Grande, sem a necessidade de remoção para atendimento especializado. Elas estão estáveis, mas continuam em observação apenas por razões psicológicas.
O secretário da Saúde de Santa Catarina, Diogo Demarchi Silva, afirmou que duas vítimas tiveram queimaduras de segundo grau e foram atendidas no Hospital Nossa Senhora de Fátima, de Praia Grande, sem a necessidade de remoção para atendimento especializado. Elas estão estáveis, mas continuam em observação apenas por razões psicológicas.
Outras três também foram atendidas com ferimentos leves e dores musculares em decorrência do salto do balão. O secretário destacou que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, entrou em contato com o estado para oferecer auxílio após o acidente.
Força-tarefa
O secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Flávio Graff, afirmou que o estado procurou a Anac e o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) para colaborarem com a investigação. Os Seripas são os braços regionais do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
O secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Flávio Graff, afirmou que o estado procurou a Anac e o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) para colaborarem com a investigação. Os Seripas são os braços regionais do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
“Estamos em contato direto com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), por meio do Seripa, que apura as causas do acidente em conjunto com a nossa Polícia Civil e com as perícias da nossa Polícia Científica”, disse Graff.
O governador em exercício, Francisco de Oliveira Neto, anunciou luto oficial de três dias no estado. O governador Jorginho Mello (PL) cumpre agenda oficial na China. “Estamos todos consternados com essa tragédia. As equipes seguem prestando todo o apoio necessário às famílias”, afirmou Mello em um vídeo publicado nas redes sociais.
O perito-geral adjunto, Douglas Balen, destacou que a prioridade, no momento, é a identificação das vítimas. Ele informou que foi realizado um mapeamento 3D de toda a área do acidente com um novo equipamento, o que permitirá uma análise forense detalhada do local.
O Ministério do Turismo afirmou que pretende se reunir com entidades ligadas ao balonismo turístico para discutir uma regulamentação específica para a atividade no Brasil.
Quem são as vítimas da queda do balão
Entre as vítimas fatais da tragédia, estão uma mãe e uma filha, dois casais, o diretor da Federação Catarinense de Patinação Artística e um médico oftalmologista.
Entre as vítimas fatais da tragédia, estão uma mãe e uma filha, dois casais, o diretor da Federação Catarinense de Patinação Artística e um médico oftalmologista.
Leandro Luzzi
Tinha 33 anos e era diretor técnico da Federação Catarinense de Patinação Artística e dava aulas em uma escola de patinação artística localizada em Brusque, no Vale do Itajaí. Ele estava acompanhado do namorado, que sobreviveu ao acidente.
Tinha 33 anos e era diretor técnico da Federação Catarinense de Patinação Artística e dava aulas em uma escola de patinação artística localizada em Brusque, no Vale do Itajaí. Ele estava acompanhado do namorado, que sobreviveu ao acidente.
Em nota, a Federação lamentou a morte do professor. “Leandro foi um profissional dedicado, apaixonado pelo que fazia e um verdadeiro exemplo para atletas, colegas e toda a comunidade da patinação. Sua ausência deixará uma lacuna irreparável em nossos corações e em nossa modalidade”, diz um trecho do comunicado.
Leane Elizabeth Herrmann
Leane tinha 70 anos e morava em Blumenau, no Vale do Itajaí. Ela estava acompanhada da filha Leise Herrmann Parizotto, que também morreu no acidente.
Leane tinha 70 anos e morava em Blumenau, no Vale do Itajaí. Ela estava acompanhada da filha Leise Herrmann Parizotto, que também morreu no acidente.
Leise Herrmann Parizotto
Filha de Leane, Leise era médica e servidora pública de Blumenau, no Vale do Itajaí.
Filha de Leane, Leise era médica e servidora pública de Blumenau, no Vale do Itajaí.
Everaldo da Rocha e Janaina Moreira Soares da Rocha
Rocha, de 53 anos, estava acompanhado da esposa, Janaina, de 46, que também morreu no acidente. O casal estava acompanhado dos filhos, que conseguiram se salvar, segundo o jornal NSC Total. Eles viviam em Joinville e estava em Praia Grande a passeio.
Rocha, de 53 anos, estava acompanhado da esposa, Janaina, de 46, que também morreu no acidente. O casal estava acompanhado dos filhos, que conseguiram se salvar, segundo o jornal NSC Total. Eles viviam em Joinville e estava em Praia Grande a passeio.
Fabio Luiz Izycki e Juliane Jacinta Sawicki
Fabio, de 42 anos, trabalhava em uma agência do Banco do Brasil. Ele era primo de segundo grau de Franciel Izycki, prefeito de Barão de Cotegipe (RS), segundo apuração do portal g1. Juliane tinha 36 anos, era engenheira agrônoma e sócia de uma empresa de assessoria rural.
Fabio, de 42 anos, trabalhava em uma agência do Banco do Brasil. Ele era primo de segundo grau de Franciel Izycki, prefeito de Barão de Cotegipe (RS), segundo apuração do portal g1. Juliane tinha 36 anos, era engenheira agrônoma e sócia de uma empresa de assessoria rural.
Andrei Gabriel de Melo
Melo, de 34 anos, era médico oftalmologista e trabalhava em uma clínica de Fraiburgo, no interior de Santa Catarina.
Melo, de 34 anos, era médico oftalmologista e trabalhava em uma clínica de Fraiburgo, no interior de Santa Catarina.
Sobreviventes
Elvis de Bem Crescêncio (piloto)
Leciane Herrmann Parizotto
Thayse Elaine Broedbeck Batista
Marcel Cunha Batista
Claudia Abreu
Rodrigo de Abreu
Victor Hugo Mondini Correa
Laís Campos Paes
Tassiane Francine Alvarenga
Sabrina Patrício de Souza
Fernando da Silva Veronezi
Leonardo Soares Rocha
Luana da Rocha
Veja a íntegra da nota da Sobrevoar, responsável pelo balão que caiu em SC
“É com profunda dor e tristeza que nós da SOBREVOAR SERVIÇOS TURÍSTICOS manifestamos nossa solidariedade e respeito às vítimas envolvidas no acidente desta manhã de sábado, dia 21/06/2025. Nesse momento, expressamos nossos sentimentos aos familiares das vítimas, oferecendo nosso total apoio e nossas preces, colocando-nos à disposição para auxiliar em tudo o que for necessário.
Elvis de Bem Crescêncio (piloto)
Leciane Herrmann Parizotto
Thayse Elaine Broedbeck Batista
Marcel Cunha Batista
Claudia Abreu
Rodrigo de Abreu
Victor Hugo Mondini Correa
Laís Campos Paes
Tassiane Francine Alvarenga
Sabrina Patrício de Souza
Fernando da Silva Veronezi
Leonardo Soares Rocha
Luana da Rocha
Veja a íntegra da nota da Sobrevoar, responsável pelo balão que caiu em SC
“É com profunda dor e tristeza que nós da SOBREVOAR SERVIÇOS TURÍSTICOS manifestamos nossa solidariedade e respeito às vítimas envolvidas no acidente desta manhã de sábado, dia 21/06/2025. Nesse momento, expressamos nossos sentimentos aos familiares das vítimas, oferecendo nosso total apoio e nossas preces, colocando-nos à disposição para auxiliar em tudo o que for necessário.