Brasil livre de febre aftosa e pode aumentar exportação de carnes

A Gazeta Popular
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“Isso pode ajudar na abertura de novos mercados internacionais para a carne brasileira, destaca o especialista Fabiano Tavares”

O Brasil foi reconhecido oficialmente como país livre da febre aftosa durante a 92ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), realizada em Paris, na França. A conquista marca o fim de um processo iniciado há mais de três décadas, com investimentos robustos, tanto do governo federal quanto estaduais e da iniciativa privada, em programas de vacinação e vigilância sanitária, representando um marco para a agropecuária brasileira, com potencial para ampliar exportações e facilitar o acesso a novos mercados de carne bovina.

O reconhecimento internacional chega em um momento estratégico. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, e a nova chancela pode ajudar o País a se consolidar também nos mercados de maior valor agregado, hoje cobertos principalmente pelos Estados Unidos e Austrália. A expectativa mais concreta é com o Japão, que deve concluir ainda este ano a habilitação do sistema sanitário brasileiro para passar a adquirir a carne bovina brasileira.

Além de Japão e Coreia do Sul, com os quais o Brasil já está em tratativas, o país também mira outros mercados, como Indonésia e Filipinas, para exportações de miúdos bovinos, além da Turquia. Também há planos para revisar os protocolos de exportação com países que já importam carne brasileira, com o objetivo de negociar melhores condições de comercialização da proteína. Além de abrir mercados, o novo status também implica redução de custos para o produtor. A vacinação contra a febre aftosa era realizada mais de uma vez por ano, causando gastos com vacinas, mão de obra e manejo.

O especialista em mercado financeiro, Fabiano Tavares, pontua que o novo status sanitário representa uma verdadeira transformação para a pecuária brasileira. “É uma conquista extraordinária para o setor produtivo e para todo o país. A febre aftosa, embora não ofereça risco à saúde humana, sempre foi uma barreira sanitária que impactava não apenas a pecuária, mas toda a credibilidade dos produtos agropecuários brasileiros no mercado internacional”, destaca.

Fabiano Tavares pontua ainda que, a principal vantagem agora é que podemos acessar mercados mais exigentes, que pagam mais pela mercadoria. “É claro que isso não acontece de forma instantânea, vai ter negociação, vai levar tempo, mas existe essa possibilidade”, destaca.

“A declaração do Brasil como livre de aftosa sem vacinação chama a atenção principalmente porque, em tese, os mercados que o Brasil já atende com outras proteínas animais podem ser ampliados. E esses mercados são justamente os que pagam mais pela tonelada de carne bovina, como Japão e Coreia do Sul, entre outros”, pontua o especialista Fabiano Tavares.

Erradicação da doença

O Brasil conseguiu erradicar a febre aftosa de forma eficiente e sem a necessidade de sacrifício de animais, como ocorreu em outros países. O processo foi construído de maneira gradual, com a evolução da vacina que passou da formulação aquosa, com proteção de quatro meses, para a oleosa, que garantia seis meses de imunidade. Isso permitiu reduzir as doses anuais e, na fase final, vacinar apenas animais jovens, já que os adultos estavam devidamente protegidos. Em Minas Gerais, o desafio foi ainda maior devido ao grande número de produtores, à intensa movimentação de animais e à necessidade de articulação com lideranças locais.

O que é a febre aftosa?

A febre aftosa é uma doença de rápida disseminação. Quando um foco é registrado, o produtor precisa interditar a área e sacrificar todos os animais para evitar a propagação, assim como acontece com a gripe aviária em granjas.

De mesmo modo, a partir do momento em que é confirmado o registro de caso de febre aftosa, há restrições com relação à comercialização. A última vez que o Brasil registro um foco da doença foi em 2006, nos estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul.