Equipe do Fala Geral nas Ruas flagra desrespeito à prioridade legal, falta de remédios e demora de mais de um ano para marcação de exames em uma das cidades mais ricas do Estado do Rio de Janeiro.
Macaé (RJ) — Na manhã da última segunda-feira, a equipe do Fala Geral nas Ruas esteve no Centro de Especialidades Médicas Dona Alba, no município de Macaé, para apurar denúncias de pacientes sobre o atendimento no local. Ao chegar, nossa reportagem constatou longas filas e um ambiente completamente lotado, com cidadãos aguardando por horas apenas para realizar marcações de consultas e exames.
Entre os que enfrentavam a espera, estava o senhor Abílio Ferreira Dantas, de 88 anos, que permanecia na mesma fila destinada ao público geral. Questionado sobre a ausência de prioridade garantida por lei aos idosos — conforme a Lei 10.048/2000 e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) —, o funcionário responsável respondeu que “isso é para bancos”.
A declaração evidencia o total despreparo e desrespeito à legislação que assegura prioridade no atendimento às pessoas com mais de 60 anos.
Além da fila, as reclamações sobre a falta de medicamentos também foram relatadas por diversos pacientes. Uma idosa de 73 anos, que preferiu não se identificar, contou que tenta há semanas marcar uma consulta com um reumatologista, mas os agendamentos estão sendo realizados apenas para fevereiro de 2025.
Outro morador relatou ter esperado mais de um ano para ser chamado a marcar um exame de colonoscopia, demonstrando o colapso do sistema de saúde pública local.
“É revoltante. Quando a gente precisa, não tem médico, não tem remédio, e quando marca, é pra daqui a meses ou anos”, desabafou um dos pacientes na fila.
O que mais chamou a atenção da equipe foi o contraste entre a fila do público em geral e o setor destinado ao atendimento do público LGBTQIA+, que se encontrava vazio, com quatro funcionários usando o celular, enquanto idosos e pessoas aguardavam em pé sob o calor.
A pergunta que fica é: por que não há um guichê especial para atender os nossos idosos?
Se inclusão é o discurso, na prática não é o que se vê. O princípio da igualdade deve ser aplicado com bom senso e respeito, especialmente aos mais vulneráveis, que ajudaram a construir a cidade e agora sofrem com o descaso.
A situação escancara o contraste vivido por Macaé: de um lado, obras e reformas visíveis pela cidade; de outro, uma saúde pública doente, que deixa milhares de cidadãos à mercê da sorte.
A equipe do Fala Geral nas Ruas continuará acompanhando o caso e cobrando respostas das autoridades competentes. A população pode continuar enviando denúncias e reclamações sobre a saúde, educação e outros serviços públicos pelo WhatsApp da redação: (22) 3190-0801.
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