Estratégia de crescimento do governo pode não beneficiar Lula a tempo das eleições

A Gazeta Popular
91.1k Visualizações
Tempo de Leitura: 3 Minutos
- ADS -
Ad image

Equipe econômica aposta no consumo das famílias e em novos investimentos produtivos para estimular a economia. Estratégia pode demorar para surtir efeito e desfazer o desgaste do presidente nas pesquisas de opinião

O governo aposta no consumo interno e no aumento dos investimentos produtivos para sustentar o crescimento econômico nos próximos anos. A estratégia poderá, inclusive, se beneficiar das turbulências externas atuais, na avaliação do ministro Fernando Haddad (Fazenda). A dúvida que fica, no entanto, é sobre o tempo necessário para surtir o efeito desejado – e se isso ocorrerá antes das eleições presidenciais de 2026, a tempo de reverter o desgaste na imagem do presidente Lula e na avaliação de sua gestão.

 

Para Haddad, que participou de um encontro com investidores nesta segunda-feira, 28, o Brasil tem um nível de investimento inferior ao mínimo há muito tempo e, atualmente, há um “conjunto de projetos com boas taxas de retornos que podem sair da gaveta”, e que se somará ao crescimento do consumo das famílias. “Esses são os estímulos corretos para crescer com estabilidade”, disse o ministro.

 

Haddad afirmou ainda que o país poderá, inclusive, se beneficiar da crise mundial desencadeada pela política protecionista do presidente americano Donald Trump.

 

Apesar de reconhecer que a turbulência externa atual pode fazer com que investidores internacionais vejam o Brasil de forma diferenciada, um analista de um grande banco estrangeiro destaca que os desdobramentos econômicos no mundo em função do tarifaço americano se darão de forma mais lenta. “Esse é um tema que terá uma repercussão global nos próximos anos. As decisões e declarações podem ser no curto prazo, mas os efeitos na economia vão durar”, avalia.

 

Na prática, para esse mesmo analista, o modelo do ministro poderá até ser acertado, mas precisará de um tempo que o presidente Lula não tem para mostrar se está correto ou não.

 

Haddad mantém perspectivas positivas de crescimento para 2025, mesmo com o Banco Central elevando juros para tentar frear a economia e controlar a inflação e com a repercussão negativa da sobretaxa em alguns setores, como aço e alumínio.

 

Integrantes da equipe econômica reconhecem que a estratégia do governo está desenhada para garantir desenvolvimento no médio e longo prazos. “Estamos plantando políticas industrial e de inovação que são sementes para colher no futuro, é verdade”, diz um interlocutor oficial.