Ex-secretário da Polícia Civil Allan Turnowski se entrega à Corregedoria após decisão judicial

A Gazeta Popular
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O ex-secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, se apresentou voluntariamente à Corregedoria da corporação nesta última terça-feira (8), horas após a 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) revogar a liminar que o mantinha em liberdade, determinando seu retorno ao sistema prisional

A decisão judicial da última terça reverteu a soltura concedida em 17 de junho pelo desembargador Marcius da Costa Ferreira, que havia liberado Turnowski com base em atestados de colaboração e ausência de constrangimento à Justiça. Com a nova ordem, foi cumprido mandado de prisão preventiva, e ele foi encaminhado para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio. Nesta quarta-feira (9), o ex-secretário deve passar por audiência de custódia antes da transferência para a cadeia pública de Niterói, a Cadeia Pública Constantino Cokotós, local onde esteve preso anteriormente até junho.

 

Turnowski enfrenta sérias acusações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), incluindo:

  • Associação criminosa, com recebimento de propina e auxílio a contraventores do jogo do bicho;

  • Obstrução de justiça, por supostamente atrapalhar investigações envolvendo organizações criminosas atuantes em Petrópolis.

As investigações apontam que o ex-chefe da Polícia Civil atuava como “agente duplo”, facilitando informações a grupos liderados por figuras como Rogério Andrade, Ronnie Lessa e Fernando Iggnácio – este último assassinado em 2020. Ele teria usado sua influência dentro da corporação para beneficiar essas organizações

Entenda o caso

  • Setembro de 2022: preso na Operação Carta de Corso do GA ECO (Gaeco/MPRJ), Turnowski ficou um mês detido antes de obter liberdade por decisão do STF.

  • Novembro de 2022: tornouse réu por obstrução de justiça, acusado de agir em conluio com o delegado Maurício Demétrio.

  • 1º de maio de 2025: a 2ª Turma do STF restabeleceu sua prisão preventiva, com votos de Fachin, Mendes e Mendonça; Toffoli e Nunes Marques foram vencidos.

  • 6 de maio de 2025: Turnowski se entregou à Corregedoria interna da Polícia Civil, cumprindo a nova ordem judicial.

  • 17 de junho de 2025: libertado novamente por decisão monocrática, até sua prisão ser revogada nesta última terça-feira (8).

A defesa de Turnowski anunciou que protocolou embargos de declaração e novos pedidos de habeas corpus, buscando reverter a decisão. Já o MPRJ sustenta que há fortes indícios de envolvimento em crimes graves, incluindo planejamento de violência para garantir os interesses das quadrilhas.

Agora, com a audiência de custódia marcada, o juiz definirá se haverá manutenção da prisão preventiva ou substituição por medidas alternativas. Além disso, Allan Turnowski deverá responder ao Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e, caso condenado, poderá ser demitido da corporação e enfrentar pena criminal com eventual trânsito em julgado

A entrega de Turnowski à Corregedoria marca mais um capítulo da turbulenta trajetória judicial do ex-secretário – agora novamente detido e sob forte suspeita de integrar e proteger grupos contraventores. O caso deve seguir em destaque nos próximos dias, especialmente com os desdobramentos da audiência de custódia e as estratégias de defesa e acusação.