A segurança pública é um dos principais calcanhares de Aquiles de qualquer governo no Brasil nos últimos anos. Por conta disso e da proximidade das eleições de 2026, prefeitos de capitais como Rio de Janeiro, Recife e Salvador adotam discursos sobre o assunto.
Enquanto isso, municípios menores, como Araruama, já até concluiram o processo de armamento de sua Guarda Civil Municipal.
Iniciado em 2019, o projeto colocou a cidade na vanguarda da segurança pública. Sob o governo Lívia de Chiquinho (2017 – 2024), foi o primeiro município da região — e o segundo no estado — a equipar seus agentes com armas de fogo.
O pioneirismo de Araruama caminha lado a lado com o atual cenário nacional. Dados do IBGE mostram que, entre 2019 e 2023, o número de municípios brasileiros com guardas armadas aumentou 49%, saltando de 266 para 396 cidades. Nesse sentido, o crescimento passa a ter impulso de líderes municipais de capitais, que enxergam no tema um trunfo eleitoral.
Em Araruama, o processo liderado por Lívia seguiu as rigorosas exigências legais e foi além. “A Guarda Civil está sendo armada não para o confronto, mas para atuar em conjunto com a Polícia Militar. O objetivo é garantir a segurança no centro urbano e liberar a PM para combater o crime organizado”, destacou Lívia ao concluir a etapa de formação de 34 agentes habilitados.
Um exemplo antes das capitais
Conforme publicou o jornal O Globo nesta semana, prefeitos como Eduardo Paes (PSD), do Rio, e João Campos (PSB), de Recife, ainda estruturam políticas para armar suas guardas. Em Araruama, o planejamento teve início em 2019, com a aprovação de uma lei municipal. Logo depois, vieram investimentos em capacitação e articulações junto à Polícia Federal para o porte de armas.
Na última semana, Eduardo Paes anunciou a criação de uma “Força Municipal de Segurança” no Rio. Enquanto isso, João Campos promete iniciar o armamento gradual em Recife, criando uma nova secretaria de Ordem Pública e Segurança. No entanto, ambos enfrentam desafios técnicos e políticos, como críticas de especialistas e resistência de setores da sociedade.
Em Araruama, a medida veio acompanhada de bastante cautela. Entre os cuidados, a reciclagem obrigatória dos agentes a cada dois anos e a criação de uma Corregedoria da Guarda Civil para monitorar a conduta dos profissionais.
Tendência nacional ou capitalização eleitoral?
Especialistas apontam que o discurso de segurança pública ganha força em anos pré-eleitorais, especialmente em capitais. Uma pesquisa do Ipespe revela que 60% dos moradores das grandes cidades se sentem inseguros, o que aumenta a pressão sobre prefeitos para apresentar soluções concretas.
No entanto, a experiência de Araruama indica que resultados consistentes dependem de planejamento a longo prazo, algo que pode ser difícil de alcançar quando os projetos são lançados às vésperas de campanhas.
Com o tema da segurança em alta, a experiência de Araruama pode servir de modelo para outras cidades.