Parlamentares da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusam o governo de promover desinformação por meio da nova campanha publicitária, intitulada “O Brasil dando a volta por cima”, orçada em R$ 3,5 bilhões e dedicada a conter impopularidade recorde do chefe do Executivo.
A ofensiva da propaganda federal, sob o comando do marqueteiro Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), começou a ser veiculada nos últimos dias em órgãos de comunicação do país, com peças que abordam 26 tópicos dos temas economia, saúde, educação, segurança, programas sociais e infraestrutura.
Questionada pela Gazeta do Povo se faria algum pronunciamento sobre a afirmação da oposição de que a campanha publicitária estaria repleta de imprecisões e omissões, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República respondeu que precisaria fazer um levantamento de informações para contestar cada uma das falhas citadas. A reportagem fez o envio do documento e aguarda o novo retorno mencionado pelo governo.
Segundo a análise elaborada por técnicos da bancada de oposição no Senado, todas as mensagens da campanha contêm manipulações, omissões ou distorções de dados, que podem ser confrontadas com fontes oficiais e jornalísticas. A crítica central do relatório é de que a campanha visa construir uma narrativa favorável ao governo para reverter avaliações negativas do público, recorrendo a recortes seletivos e até a informações falsas.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), anunciou medidas formais contra a campanha publicitária do governo federal, que, segundo ele, está “repleta de mentiras e manipulações”.
Marinho protocolou representações na Procuradoria-Geral da República (PGR), no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Advocacia-Geral da União (AGU), pedindo apuração sobre possíveis irregularidades no conteúdo e no uso de recursos públicos na ação de comunicação, orçada em R$ 3,5 bilhões.
Em pronunciamento no Senado, o parlamentar acusou o governo de “enganar a população com dados distorcidos para maquiar a realidade” e disse que a publicidade tem caráter eleitoral antecipado, ao exaltar feitos sem respaldo nos indicadores oficiais. “É uma tentativa clara de manipular a opinião pública e construir artificialmente uma imagem que não corresponde aos fatos”, afirmou.
Dados sobre PIB, emprego e comércio internacional são contestados
A oposição contesta a narrativa de crescimento econômico sustentável propagada pelo governo. Segundo relatório da bancada no Senado, a comparação com anos de pandemia distorce o cenário atual, que apresenta projeção de apenas 1,97% de crescimento para 2025 – inferior aos índices de 2021 (4,8%) e 2022 (3%).
A oposição contesta a narrativa de crescimento econômico sustentável propagada pelo governo. Segundo relatório da bancada no Senado, a comparação com anos de pandemia distorce o cenário atual, que apresenta projeção de apenas 1,97% de crescimento para 2025 – inferior aos índices de 2021 (4,8%) e 2022 (3%).
O governo afirma que o país cresceu nos últimos dois anos a uma taxa duas vezes maior que a média registrada no período de 2019 a 2022, durante o governo Bolsonaro. Contudo, esse recorte não leva em consideração a excepcional retração provocada pela pandemia em 2020.
Apesar de o desempenho atual ser fruto de estímulos fiscais e maiores gastos públicos, o próprio presidente Lula tem desafiado as projeções do mercado e do Fundo Monetário Internacional (FMI), reforçando uma expectativa de superação, sem que haja, até o momento, evidências concretas que a fundamentem.
O documento também questiona a suposta melhora da renda, e destaca uma pesquisa da Genial Quaest que mostrou que 81% dos entrevistados disse acreditar que seu poder de compra diminuiu em relação ao ano passado. O levantamento ouviu 2004 pessoas entre 27 e 31 de março. Segundo a oposição a alta de preços de alimentos no Brasil está entre as maiores da América Latina.
A queda no desemprego é, por sua vez, considerada enganosa, pois a comparação ignora que a taxa já havia caído de 14,9% para 7,9% entre 2021 e 2022.
O governo compara a taxa de desemprego registrada no auge da pandemia (14,9%) com a atual. Segundo a gestão petista, a taxa de desemprego caiu de 7,9% no último trimestre de 2022 para 6,1%, representando uma redução de 20%. No entanto, esse ritmo é bem menos acentuado quando comparado à queda de 80% observada na gestão anterior.
Além disso, há críticas quanto ao aumento da informalidade e à ampla cobertura dos programas de transferência de renda.
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Parlamentares da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusam o governo de promover desinformação por meio da nova campanha publicitária, intitulada “O Brasil dando a volta por cima”, orçada em R$ 3,5 bilhões e dedicada a conter impopularidade recorde do chefe do Executivo.A ofensiva da propaganda federal, sob o comando do marqueteiro Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), começou a ser veiculada nos últimos dias em órgãos de comunicação do país, com peças que abordam 26 tópicos dos temas economia, saúde, educação, segurança, programas sociais e infraestrutura.Questionada pela Gazeta do Povo se faria algum pronunciamento sobre a afirmação da oposição de que a campanha publicitária estaria repleta de imprecisões e omissões, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República respondeu que precisaria fazer um levantamento de informações para contestar cada uma das falhas citadas. A reportagem fez o envio do documento e aguarda o novo retorno mencionado pelo governo.Segundo a análise elaborada por técnicos da bancada de oposição no Senado, todas as mensagens da campanha contêm manipulações, omissões ou distorções de dados, que podem ser confrontadas com fontes oficiais e jornalísticas. A crítica central do relatório é de que a campanha visa construir uma narrativa favorável ao governo para reverter avaliações negativas do público, recorrendo a recortes seletivos e até a informações falsas.O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), anunciou medidas formais contra a campanha publicitária do governo federal, que, segundo ele, está “repleta de mentiras e manipulações”.Marinho protocolou representações na Procuradoria-Geral da República (PGR), no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Advocacia-Geral da União (AGU), pedindo apuração sobre possíveis irregularidades no conteúdo e no uso de recursos públicos na ação de comunicação, orçada em R$ 3,5 bilhões.Em pronunciamento no Senado, o parlamentar acusou o governo de “enganar a população com dados distorcidos para maquiar a realidade” e disse que a publicidade tem caráter eleitoral antecipado, ao exaltar feitos sem respaldo nos indicadores oficiais. “É uma tentativa clara de manipular a opinião pública e construir artificialmente uma imagem que não corresponde aos fatos”, afirmou.Dados sobre PIB, emprego e comércio internacional são contestados
A oposição contesta a narrativa de crescimento econômico sustentável propagada pelo governo. Segundo relatório da bancada no Senado, a comparação com anos de pandemia distorce o cenário atual, que apresenta projeção de apenas 1,97% de crescimento para 2025 – inferior aos índices de 2021 (4,8%) e 2022 (3%).O governo afirma que o país cresceu nos últimos dois anos a uma taxa duas vezes maior que a média registrada no período de 2019 a 2022, durante o governo Bolsonaro. Contudo, esse recorte não leva em consideração a excepcional retração provocada pela pandemia em 2020.Apesar de o desempenho atual ser fruto de estímulos fiscais e maiores gastos públicos, o próprio presidente Lula tem desafiado as projeções do mercado e do Fundo Monetário Internacional (FMI), reforçando uma expectativa de superação, sem que haja, até o momento, evidências concretas que a fundamentem.O documento também questiona a suposta melhora da renda, e destaca uma pesquisa da Genial Quaest que mostrou que 81% dos entrevistados disse acreditar que seu poder de compra diminuiu em relação ao ano passado. O levantamento ouviu 2004 pessoas entre 27 e 31 de março. Segundo a oposição a alta de preços de alimentos no Brasil está entre as maiores da América Latina.A queda no desemprego é, por sua vez, considerada enganosa, pois a comparação ignora que a taxa já havia caído de 14,9% para 7,9% entre 2021 e 2022.O governo compara a taxa de desemprego registrada no auge da pandemia (14,9%) com a atual. Segundo a gestão petista, a taxa de desemprego caiu de 7,9% no último trimestre de 2022 para 6,1%, representando uma redução de 20%. No entanto, esse ritmo é bem menos acentuado quando comparado à queda de 80% observada na gestão anterior.Além disso, há críticas quanto ao aumento da informalidade e à ampla cobertura dos programas de transferência de renda.Os parlamentares oposicionistas apontam ainda exagero na alegação de abertura de novos mercados internacionais, desconsiderando acordos iniciados por gestões anteriores ou avanços técnicos ainda sem autorização para exportação.O governo alega que foram abertos mais de 340 mercados para exportação, incluindo futuros desdobramentos de acordos com a China, a União Europeia e o Oriente Médio. Em contrapartida, a oposição ressalta que, em média, os processos para efetivar a entrada nesses mercados podem durar de seis meses a dois anos para produtos com menor grau de exigência. Em mercados mais rigorosos, como o dos Estados Unidos, do Japão e da União Europeia, esse prazo pode se estender por três a cinco anos ou até mais, dependendo de barreiras técnicas e políticas.Quanto uma afirmação da campanha publicitária sobre recorde no turismo, a oposição vê impulso pela desvalorização do real e valorização de moedas de países vizinhos e não por mérito do governo.Públicidade:
Os parlamentares oposicionistas apontam ainda exagero na alegação de abertura de novos mercados internacionais, desconsiderando acordos iniciados por gestões anteriores ou avanços técnicos ainda sem autorização para exportação.
O governo alega que foram abertos mais de 340 mercados para exportação, incluindo futuros desdobramentos de acordos com a China, a União Europeia e o Oriente Médio. Em contrapartida, a oposição ressalta que, em média, os processos para efetivar a entrada nesses mercados podem durar de seis meses a dois anos para produtos com menor grau de exigência. Em mercados mais rigorosos, como o dos Estados Unidos, do Japão e da União Europeia, esse prazo pode se estender por três a cinco anos ou até mais, dependendo de barreiras técnicas e políticas.
Quanto uma afirmação da campanha publicitária sobre recorde no turismo, a oposição vê impulso pela desvalorização do real e valorização de moedas de países vizinhos e não por mérito do governo.

