A temperatura política em Brasília subiu de forma abrupta nesta sexta-feira (26). A oposição no Congresso decidiu interromper o recesso parlamentar e partir para o confronto direto com a cúpula do Judiciário. O novo líder da oposição na Câmara dos Deputados, Cabo Gilberto Silva (PL-PB), anunciou uma mobilização imediata com foco na destituição do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Segundo o parlamentar, não há mais espaço para espera ou cautela. Em nota oficial, Gilberto Silva afirmou que o país vive um “absurdo institucional” e que a oposição não pode “permanecer inerte diante da gravidade dos fatos”.
Coletiva marcada e ofensiva pública
A estratégia começa já na próxima segunda-feira (29). A oposição convocou uma coletiva de imprensa às 14h, em Brasília, considerada decisiva para ampliar a pressão política e pública sobre o Senado e o STF. Deputados e senadores aliados devem comparecer em peso.
Nos bastidores, a avaliação é de que o recesso perdeu sentido diante do que classificam como uma crise institucional sem precedentes.
O estopim: pedido de impeachment no Senado
O movimento ganhou tração após a senadora Damares Alves protocolar um novo pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes. A acusação central é grave: advocacia administrativa.
De acordo com o requerimento, Moraes teria utilizado sua posição institucional para interceder junto ao Banco Central em favor do Banco Master, instituição que, segundo a denúncia, pagou R$ 129 milhões ao escritório de advocacia da esposa do ministro. A oposição trata o episódio como o “fato determinado” que faltava para destravar o processo.
Pressão total sobre Davi Alcolumbre
Com mais de 80 pedidos de impeachment já acumulados contra Moraes no Senado, o foco agora se concentra em um único nome: Davi Alcolumbre, presidente da Casa. Cabe exclusivamente a ele decidir se aceita ou não a abertura do processo.
Parlamentares da oposição afirmam que o Senado não pode mais “engavetar” denúncias e alertam que a omissão poderá gerar desgaste político irreversível.
Defesa de Moraes
Alexandre de Moraes nega qualquer irregularidade. Segundo o ministro, os encontros com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tiveram como pauta exclusivamente sanções internacionais relacionadas à Lei Magnitsky, sem qualquer relação com interesses privados ou financeiros.
Encruzilhada institucional
O episódio coloca o Congresso diante de uma escolha delicada: avançar no enfrentamento direto com o Supremo Tribunal Federal ou recuar, permitindo que o recesso parlamentar siga normalmente.
A coletiva de segunda-feira deve indicar se a ofensiva da oposição terá fôlego real ou se ficará restrita ao discurso político. Até lá, Brasília permanece em estado de alerta máximo.
Por Marcos Soares – Jornalista – Analista Político


