O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou a jornalistas neste domingo (13) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia uma série de medidas, que vão além de taxas, caso o presidente Donald Trump não volte atrás em sua política de impostos sobre importações brasileiras.
“Se for efetivada [a tarifa de 50%], nós adotaremos várias medidas para proteger o interesse da economia brasileira, do emprego e da atividade econômica do nosso país”, declarou durante cerimônia em Salvador para entrega de residências do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
O ministro ressaltou que o governo Lula não preparou apenas taxas contra os Estados Unidos, mas “outras medidas” que podem ser adotadas nos próximos meses, que ele não detalhou à imprensa neste domingo.
“Não serão apenas taxas, outras medidas serão adotadas. Nós já começamos a discutir e até o final do mês nós vamos deixar tudo pronto para, caso essa medida seja confirmada, possamos agir. O Brasil não ficará de cabeça baixa, não ficará refém”, afirmou. A tarifa de 50% estabelecida pelos Estados Unidos está programa para entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Rui Costa também deu declarações atacando o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos. O ministro comparou a postura da família dos políticos de direita à de um “sequestrador”, pois, segundo ele, condiciona a retirada das tarifas dos Estados Unidos para o Brasil a uma anistia a Bolsonaro.
Em mensagem direcionada ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Costa afirmou: “O que me entristece é ver brasileiros eleitos pelo povo trair o seu povo e defender outra nação em detrimento do nosso país”.
O ministro da Casa Civil ainda criticou o presidente Donald Trump e seu governo. “Todo mundo achava que um hacker tinha invadido a conta do presidente americano, porque isso nunca aconteceu na história da diplomacia. A carta sequer chegou oficialmente, seja por e-mail, fax ou fisicamente. Para mim, ela nem existe”, disse.
Governo Lula deve formalizar comitê para discutir resposta ao tarifaço nesta semana
O presidente Lula prometeu responder à tarifa dos Estados Unidos com base na Lei de Reciprocidade. O decreto que regulamenta a norma foi encaminhado ao Palácio do Planalto para ajustes finais.
O governo federal deve formalizar nesta semana o comitê interministerial que ficará responsável por discutir possíveis respostas à tarifação de Trump. A expectativa é de que o comitê seja composto por, pelo menos, cinco ministros, e que também participem empresários de setores negativamente impactados pela taxação, segundo apontou o Valor.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e Indústria, Geraldo Alckmin, coordenará o diálogo com o setor empresarial. Ele afirmou na sexta-feira que o decreto da Lei de Reciprocidade será publicado até a próxima terça-feira (15).
“O Congresso Nacional aprovou a Lei da Reciprocidade, que determina: se houver tarifa lá, haverá tarifa aqui. A regulamentação, que é por decreto, sai amanhã ou até terça-feira”, afirmou Alckmin. “O governo vai trabalhar porque entendemos que essa medida é inadequada, não se justifica e vamos recorrer à OMC”.