E agora, Doutora? Com Adriana Borrachini
O avanço das plataformas de apostas e jogos de azar online trouxe uma nova dinâmica para a sociedade, especialmente em um contexto familiar. Ao mesmo tempo em que oferecem uma forma de entretenimento para muitos, esses jogos também têm se mostrado um terreno fértil para problemas financeiros, e até mesmo emocionais, que podem culminar em separações e divórcios. Uma das questões mais complexas e frequentemente debatidas é a responsabilidade pelas dívidas geradas por esse tipo de atividade, especialmente quando se trata de dividir os bens e as obrigações financeiras no momento da dissolução do casamento.
A Responsabilidade pelas Dívidas no Divórcio
No Brasil, o Código Civil estabelece que, ao se casarem, os cônjuges podem optar pelo regime de comunhão parcial de bens, comunhão universal de bens ou separação total de bens. Esse regime tem grande influência na determinação da partilha de bens e, consequentemente, das dívidas no momento do divórcio. No regime de comunhão parcial, por exemplo, todos os bens adquiridos durante o casamento, bem como as dívidas contraídas, são, em regra, compartilhados entre os cônjuges. Mas o que acontece quando uma das partes se envolve com jogos de azar ou apostas e contrai dívidas consideráveis?
A Prática de Apostas: Impactos Psicológicos e Financeiros
É importante lembrar que o jogo de azar, além de ser um vício potencialmente destrutivo, também pode levar a sérios prejuízos financeiros. O indivíduo pode perder quantias significativas de dinheiro em apostas, levando a dificuldades para pagar contas e outras responsabilidades financeiras. Em casos mais graves, os cônjuges podem não estar sequer cientes da extensão do problema até que as dívidas se tornem insustentáveis.
Além disso, a prática de jogos de azar pode causar danos psicológicos e emocionais ao casal, como estresse, ansiedade e até comportamentos compulsivos que afetam diretamente a convivência. Em muitos casos, essa situação leva à separação.
Dívidas contraídas com apostas: responsabilidade compartilhada?
A responsabilidade pelas dívidas no divórcio vai depender da natureza da dívida e da forma como ela foi contraída. Se uma das partes contraiu dívidas devido ao vício em jogos de azar, a questão da responsabilidade é mais delicada. A lei não isenta o cônjuge de suas obrigações financeiras, mesmo que a dívida tenha sido contraída de forma irresponsável e sem o conhecimento do outro cônjuge.
Entretanto, a situação pode mudar dependendo da alegação de dolo (intenção de prejudicar) ou ocultação de informações. Se for comprovado que uma das partes agiu de má-fé, escondendo ou mentindo sobre o uso do dinheiro ou a magnitude da dívida com apostas, é possível que o juiz determine que a dívida seja exclusiva daquele cônjuge, com a exclusão da partilha do outro.
Além disso, se houver comprovação de que o vício do cônjuge causou danos emocionais, psicológicos ou financeiros ao outro, é possível que o juiz decida em favor da parte prejudicada, levando em consideração aspectos como a convivência conjugal e o impacto da prática de apostas.
O Papel do Advogado na Defesa dos Direitos
O advogado de família desempenha papel fundamental nesse processo, garantindo que os direitos de seus clientes sejam devidamente respeitados durante o divórcio. Em situações envolvendo dívidas de jogos de azar, o profissional pode buscar evidências que comprovem a ocultação de patrimônio ou a má-fé de um dos cônjuges, além de orientar sobre as melhores alternativas de partilha de bens. A busca por uma solução justa e equilibrada é essencial, especialmente quando o vício do jogo de azar é um dos fatores que levou à separação.
Em última análise, a responsabilidade por dívidas contraídas em jogos de azar em um casamento depende de vários fatores, incluindo o regime de bens escolhido pelo casal, as circunstâncias específicas de cada caso e as provas apresentadas. A separação de um casal que enfrenta tais dificuldades pode ser um processo desafiador, mas a boa orientação jurídica garante que as questões financeiras sejam tratadas de forma adequada e justa.
É sempre aconselhável que os cônjuges mantenham um diálogo aberto sobre questões financeiras, evitando que práticas prejudiciais como o jogo de azar se tornem um obstáculo maior para o relacionamento e para o futuro patrimonial do casal.
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ADRIANA DE ANDRADE RAMOS BORRACHINI
Graduada pela Universidade Nove de Julho/SP
Especialista em Divórcio, Guarda e Pensão Alimentícia
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