Narrativa de “nós contra eles”: A hipocrisia do PT entre taxar os ricos e receber doações bilionárias em sua campanha

A Gazeta Popular
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O Partido dos Trabalhadores sempre se apresentou como o defensor dos pobres. Desde suas origens sindicais até o discurso populista atual, o PT construiu uma narrativa baseada em uma divisão simplista e perigosa: de um lado, os ricos opressores; do outro, os pobres oprimidos. É a clássica retórica de “nós contra eles”. Mas o que acontece quando os supostos “opressores” são também os financiadores de campanhas petistas? Aí, a máscara cai.

Recentemente, o governo Lula voltou a defender com entusiasmo a ideia de taxar os “super-ricos”. Em seus discursos inflamados, o presidente afirma que é preciso “fazer os ricos pagarem a conta” e que “o pobre já paga muito imposto”. A proposta pode soar nobre à primeira vista — e, em tese, pode até parecer justa. O problema é quando essa retórica esbarra em um dado incontestável: a base financeira do PT é recheada de milionários, banqueiros, grandes empresários e até donos de fundos de investimento. Sim, aqueles mesmos que, segundo o próprio discurso petista, são os vilões da história.

Na eleição de 2022, por exemplo, as doações milionárias para a campanha de Lula incluíram nomes do alto empresariado, muitos com interesses diretos nas decisões do governo. Enquanto o PT dizia combater os ricos, os ricos enchiam os cofres do partido. Isso não é apenas contraditório. É hipocrisia.

A hipocrisia mora justamente no fato de que, enquanto o PT usa o discurso da luta de classes para mobilizar emocionalmente os mais pobres, na prática mantém laços estreitos com as elites financeiras. Não é à toa que o mercado, apesar de seus discursos públicos de preocupação com o governo, continua muito confortável com determinadas decisões da equipe econômica de Lula — liderada por Fernando Haddad, alguém que tem buscado agradar tanto a Faria Lima quanto o MST.

A pergunta que fica é: se o PT realmente acredita que os ricos devem ser combatidos, por que aceita tanto dinheiro deles para suas campanhas? Por que tantos milionários e grandes empresários continuam financiando o partido que, publicamente, os acusa de serem os responsáveis pela desigualdade do país?

A resposta é simples: porque tudo isso faz parte de uma grande encenação.

A narrativa de “nós contra eles” serve para alimentar a base ideológica, manter viva a polarização e justificar medidas populistas. Mas, nos bastidores, a conversa é outra. O PT não quer romper com os ricos — quer apenas controlar os ricos. Quer escolher quem pode ser bilionário e quem será demonizado. Quer que os “ricos do bem”, aqueles que rezam pela cartilha progressista, continuem lucrando em troca de apoio político.

Essa seletividade é escandalosa. O mesmo partido que grita contra o agronegócio no palanque, negocia com grandes produtores rurais no Planalto. O mesmo governo que diz defender o povo, aumentou os impostos sobre combustíveis, manteve uma estrutura tributária perversa e, recentemente, avançou sobre as isenções de setores produtivos. Tudo isso enquanto promete mundos e fundos com dinheiro que, no fim das contas, virá sempre do bolso do cidadão comum.

Além disso, a proposta de taxar os super-ricos geralmente esbarra em outro problema: a definição de “rico” muda conforme a conveniência política. Em muitos casos, o “super-rico” que o governo quer taxar é o pequeno e médio empresário, é o investidor de classe média que guarda um pouco de dinheiro na bolsa ou aplica num fundo. O discurso é voltado aos bilionários, mas quem paga a conta são sempre os mesmos: os que produzem, os que empreendem, os que geram emprego.

Enquanto isso, figuras como Lulinha, filho do presidente, enriquecem misteriosamente sem nenhuma grande explicação convincente. E os amigos do poder, aqueles que se tornaram milionários à sombra dos governos petistas, seguem intocados.

A verdade é que o PT não tem um compromisso real com a justiça social. O que o partido tem é um projeto de poder. E esse projeto se sustenta em três pilares: narrativa, controle institucional e apoio seletivo do capital. A narrativa é a do “nós contra eles”, que visa manter o povo em constante estado de conflito e dependência emocional do partido. O controle institucional se dá por meio da instrumentalização de órgãos públicos, uso político do STF e aparelhamento do Estado. E o apoio seletivo do capital vem das relações promíscuas com grandes grupos que financiam o projeto petista em troca de benefícios futuros.

Essa aliança entre discurso populista e apoio elitista não é nova. O chavismo fez isso na Venezuela. O kirchnerismo fez na Argentina. Todos usaram a linguagem da luta de classes para destruir a economia nacional e consolidar um regime autoritário disfarçado de democracia. No Brasil, o roteiro é parecido.

A retórica do PT, portanto, não é apenas mentirosa — ela é perigosa. Ao dividir a sociedade entre bons e maus com base em classe social, o partido desumaniza seus opositores, criminaliza o sucesso individual e transforma qualquer crítica em “discurso de ódio”. É o método clássico de quem quer calar vozes divergentes e concentrar poder.

Enquanto o governo finge combater os ricos, a carga tributária sufoca a classe média. Enquanto dizem defender os pobres, entregam um país estagnado, sem reformas estruturais, com desemprego disfarçado por subemprego e com milhões vivendo de auxílios. Uma economia de cabresto. Um povo viciado em migalhas. E um Estado cada vez mais inchado e ideológico.

É hora de desmascarar esse jogo. O Brasil precisa de uma nova mentalidade política — uma que valorize quem trabalha, quem empreende, quem estuda, quem constrói. Precisamos de menos discurso e mais ação. Menos populismo e mais responsabilidade. Menos narrativa e mais verdade.

O povo brasileiro não é burro. E cada vez mais ele percebe que a narrativa de “nós contra eles” serve apenas para manter a velha elite política no poder, às custas de um povo dividido e empobrecido. Chega de hipocrisia.